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Do auge ao algoritmo: como o videoclipe perdeu espaço no pop

  • Foto do escritor: Heitor Brandão
    Heitor Brandão
  • 27 de out.
  • 3 min de leitura

Segundo matéria de Dora Guerra, publicada no G1 nesta segunda (27)


O videoclipe morreu? O pop se reinventa enquanto o glamour dos grandes clipes fica no passado
Reprodução

Durante décadas, o videoclipe foi o altar máximo do pop: o lugar onde artistas misturavam cinema, moda e performance para transformar músicas em acontecimentos culturais. Mas essa era de ouro parece, enfim, ter perdido o brilho — e não é só nostalgia.

 

Neste mês, a Paramount, dona da MTV, anunciou o fim dos canais dedicados exclusivamente a videoclipes — como MTV Music, MTV 80s e MTV 90s. O foco agora são reality shows. É o retrato de uma mudança profunda: o clipe, antes protagonista, virou coadjuvante na estratégia dos artistas.

 

“Hoje, não vale mais a pena”, disse Anitta em discurso no Prêmio Multishow 2024. “A gente precisa convencer todo mundo a colocar dinheiro em clipe, porque ninguém assiste.”

 

E é verdade. Beyoncé lançou dois álbuns recentes sem um videoclipe sequer. Lady Gaga, que fez história com superproduções como Bad Romance e Telephone, hoje grava em uma única locação.

 

O fim da era do impacto

 

Nos anos 1980 e 1990, ninguém ousava lançar um hit sem um vídeo à altura. Madonna e Michael Jackson transformaram o videoclipe em arte — e Thriller virou sinônimo de espetáculo. Mas o mundo mudou.

 

Com o YouTube, o formato ganhou democratização, viralizou e viveu um segundo auge. Só que, no ritmo do TikTok, tudo ficou mais curto, mais rápido e mais barato. O público quer conteúdo imediato, e as redes favorecem vídeos caseiros, não produções milionárias.

 

“Não existe mais um meio que atinja todo mundo”, resume a reportagem do G1. “Aquela dominância cultural acabou.”

 

Menos glamour, mais estratégia

 

Para os profissionais ouvidos pela jornalista Dora Guerra, o clipe não morreu — só perdeu o trono. Hoje, ele é parte de um ecossistema maior: lyric videos, visualizers, making ofs e performances ao vivo tomam conta das timelines.

 

“É uma redistribuição de investimentos”, explica Felipe Britto, da Ginga Pictures, produtora de Anitta. “O desafio é pensar o clipe como peça de uma narrativa maior.”

 

Anitta já gastou até R$ 3 milhões em um vídeo, mas prefere apostar em quantidade — e na viralização. Lizzo resumiu bem: “Em 2025, não importa o que você lance. O mundo vai continuar girando.”

 

Do pop ao funk: a reinvenção é global

 

O K-pop ainda aposta em clipes grandiosos, e o funk brasileiro continua forte no YouTube — mas até aí, o luxo deu lugar à praticidade. Kondzilla e GR6 mantêm o formato vivo, adaptado à lógica das redes: vídeos verticais, legendas e estética de rua.

 

Outros gêneros encontraram caminhos híbridos. Gaby Amarantos, por exemplo, lançou Rock Doido – o filme, um clipe contínuo e filmado no celular, com todas as músicas do álbum. Deu certo: mais de um milhão de visualizações e elogios da crítica.

 

O novo pop é multiplataforma

 

Hoje, o vídeo é só uma peça no quebra-cabeça. Beyoncé criou impacto ao não lançar nada; Taylor Swift levou o clipe para o cinema; The Weeknd transformou seu disco em filme.

 

O futuro, segundo Mel Chapaval (Ginga Pictures), é “híbrido”: experiências imersivas, realidade aumentada, vídeos interativos e narrativas em série. Em vez de um clipe isolado, artistas contam histórias em capítulos — música a música.

 

A verdade é que o videoclipe não morreu. Ele apenas mudou de forma. E, como o pop, segue se reinventando — um frame de cada vez.

 

 
 

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