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O Festival que Bruce Dickinson Odeia (Mesmo Nunca Tendo Tocado Lá)

  • Foto do escritor: Olivia Lancaster
    Olivia Lancaster
  • 27 de jun.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 30 de jun.

Bruce Dickinson

Existe uma geografia peculiar dos festivais de rock. Há aqueles onde o Iron Maiden desce do avião pilotado pelo próprio Bruce Dickinson – Donington, Wacken, Rock in Rio –, e há aquele onde jamais pousará: Glastonbury. A recusa não é capricho de estrela veterana, mas uma questão de princípios que revela tanto sobre a banda quanto sobre o estado atual da música popular.

 

"Eu sempre disse que recusaria o Glastonbury se alguma vez formos convidados", declarou Dickinson ao jornal The i Paper, com a franqueza de quem já não precisa provar nada a ninguém. "Não quero tocar na frente de Gwyneth Paltrow e uma tenda infestada de perfume." A frase, dita quase de passagem, carrega o peso de uma filosofia estética: a música como experiência autêntica versus a música como acessório social.



Bruce Dickinson (usando boné) a bordo do Legacy 500 da Embraer - Foto: Divulgação/Embraer
Bruce Dickinson (usando boné) a bordo do Legacy 500 da Embraer - Foto: Divulgação/Embraer

 O vocalista do Iron Maiden ergue uma barricada invisível entre dois universos do entretenimento. De um lado, os festivais onde metaleiros suados celebram décadas de devoção musical; do outro, Glastonbury, com suas fileiras VIP repletas de celebridades e suas "atrações alternativas" – teatro, circo, instalações artísticas que transformam a música em apenas uma das opções do cardápio cultural. Para Dickinson, essa diluição representa uma traição aos fãs verdadeiros: "Não é só sobre ganhar dinheiro. Queremos que um monte de gente venha e nos veja."

 

A crítica ganha contornos sociológicos quando Emily Eavis, organizadora do Glastonbury, admite ao Telegraph que "não há muitos jovens nomes de rock, com honestidade". Seus "dias dourados de juventude" foram em 1995, com Oasis, Pulp e Radiohead – uma época em que o rock ainda ditava o zeitgeist cultural. Hoje, o line-up de 2025 inclui Olivia Rodrigo, Rod Stewart, Muse e The 1975, refletindo, nas palavras de Eavis, "o que está acontecendo neste momento no mundo da música".

 

A recusa do Iron Maiden a Glastonbury funciona, assim, como uma declaração de independência estética. Enquanto outros festivais se adaptam aos ventos do mercado, a banda de Bruce Dickinson e Steve Harris escolhe permanecer fiel a uma ideia quase arcaica: a de que o rock deve ser vivido com intensidade visceral, longe das tendas perfumadas e dos sorrisos ensaiados para as câmeras. É uma forma elegante de dizer não ao mundo – e de continuar sendo exatamente quem sempre foram.

 
 

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