James Hetfield e os caminhos não trilhados
- Dante Azevedo

- 19 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jun.

Em uma tarde qualquer, sentado diante do microfone do podcast oficial do Metallica, James Hetfield recebeu uma pergunta que o fez pausar por alguns segundos. O que faria se o Metallica nunca tivesse existido? Para um homem que passou mais de quatro décadas moldando riffs de guitarra e berros guturais, a questão soa quase existencial. Aos 61 anos, o vocalista e guitarrista da banda de thrash metal mais famosa do planeta admite que a resposta é simples: "Eu provavelmente ainda estaria tentando formar o Metallica, ainda procurando por um Lars em algum lugar por aí."
A música sempre foi o destino manifesto de Hetfield, mesmo quando ele limpava chão como zelador e colava adesivos em uma fábrica no início dos anos 1980. Ainda criança, já experimentava piano, bateria e guitarra – instrumentos que se tornaram as ferramentas de sua profissão. Mas o músico reconhece que, sem o quarteto lendário, talvez estivesse nos bastidores da indústria musical, trabalhando como roadie ou técnico de estúdio, "com sorte ajudando a fazer música de alguma forma", como ele mesmo diz.
O que poucos sabem é que Hetfield cultiva paixões paralelas que revelam um artista multifacetado. O design gráfico, por exemplo, não é apenas um hobby – foi ele quem criou o icônico logo do Metallica e esboçou capas como a de "Master of Puppets", de 1986. Durante a pandemia, descobriu na marcenaria uma válvula de escape inesperada, construindo mesas de madeira que vendeu em benefício de instituições de caridade através da Covid Collection by JH. "Eu amo artes gráficas, adoro fazer ilustrações. Também gosto de trabalhos manuais, trabalhar com madeira, metal, construir coisas", reflete.

A especulação sobre vidas alternativas ganha contornos quase filosóficos quando Hetfield admite que a música é "um dom que recebi". Mesmo em universos paralelos onde o Metallica jamais existiu, ele se vê inevitavelmente gravitando em torno da música, seja criando, seja facilitando a criação alheia. É como se o destino fosse uma corda de guitarra afinada em ré – não importa como você a toque, sempre produzirá o mesmo som.
Enquanto isso, no mundo real, o Metallica prepara-se para estender a turnê "M72" até 2026, levando seu palco circular e o famoso Snake Pit para estádios europeus. A produção promete a mesma experiência de 360 graus que tem conquistado multidões desde abril de 2023, acompanhada por bandas como Gojira e Knocked Loose. E assim, James Hetfield continua sua jornada no único caminho que realmente conhece – aquele pavimentado por amplificadores e distorções, onde cada acorde ecoa a certeza de que não poderia estar fazendo outra coisa.
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