top of page

Hermeto Pascoal, o “bruxo dos sons”, morre aos 89 anos

  • Foto do escritor: Olivia Lancaster
    Olivia Lancaster
  • 14 de set.
  • 2 min de leitura
Hermeto Pascoal, o “bruxo dos sons”, morre aos 89 anos

O mundo da música brasileira se despede de um de seus maiores inventores sonoros. Hermeto Pascoal, compositor, arranjador e multi-instrumentista alagoano, morreu neste sábado (13), aos 89 anos. A notícia foi confirmada por familiares e pela equipe do artista em comunicado nas redes sociais, sem detalhar a causa da morte.

 

Segundo a nota, Pascoal partiu cercado por familiares e amigos de música. “Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual. No exato momento da partida, seu grupo estava no palco, como ele gostaria, fazendo som e música”, diz o texto. O músico estava previsto na programação do festival AcessaBH, em Belo Horizonte, mas sua participação havia sido cancelada dias antes.

 

A família pediu respeito e privacidade neste momento e sugeriu uma homenagem à altura de Hermeto: “Quem desejar, deixe soar uma nota — no instrumento, na voz, na chaleira — e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria.”

 

Nos últimos anos, o artista vinha enfrentando problemas de saúde, o que o levou a cancelar apresentações, embora sem revelar detalhes de seu estado. Apesar do estilo reservado, haverá uma cerimônia aberta ao público, segundo os familiares, que divulgarão informações em breve.

 

Um criador sem fronteiras


 

Chamado de “bruxo dos sons” pela forma única de transformar objetos e ruídos do cotidiano em música, Hermeto Pascoal construiu uma obra impossível de enquadrar em rótulos. De chaleiras a porcos, de transmissões de rádio a cantos de pássaros, tudo podia virar material para sua criação.

 

Nascido em Lagoa da Canoa, Alagoas, em 1936, começou a tocar sanfona de oito baixos ainda criança, ao lado do irmão. Nos anos 1950, a família mudou-se para Recife, onde Hermeto teve contato com o rádio e outros instrumentos, como o piano. Já em São Paulo, passou a integrar o Quarteto Novo, e em 1967 acompanhou Edu Lobo na canção “Ponteio”, vencedora do 3º Festival de Música Popular Brasileira.

 

Em seguida, excursionou com Geraldo Vandré e foi aos Estados Unidos, onde trabalhou com Miles Davis — parceria que lhe abriu portas internacionais. O primeiro LP, Hermeto, inaugurou uma discografia que inclui álbuns como A Música Livre de Hermeto Pascoal, Slaves Mass, Ao Vivo em Montreux Jazz e Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca.

 

Suas gravações misturavam improviso e experimentação, fazendo de cada registro uma aventura sonora. Entre seus discos mais marcantes estão também Festa dos Deuses, Eu e Eles e o recente Pra Você, Ilza (2022), dedicado à esposa, falecida em 2000, após 46 anos de união.

 

Legado

 

Nos últimos anos, além de seguir compondo, lançou sua biografia Quebra Tudo! A Arte Livre de Hermeto Pascoal, onde foi retratado como um mago da música. Em entrevista concedida há pouco mais de um ano, resumiu sua filosofia: “Já nasci música. O que escrevo numa bacia de banheiro é tão importante quanto em qualquer papel, porque a música é sagrada.”

 

Hermeto Pascoal deixa seis filhos — Jorge, Fabio, Flávia, Fátima, Fabiula e Flávio, percussionista que seguiu a trajetória musical do pai — e um legado impossível de medir, não só pela genialidade, mas pela liberdade absoluta com que tratava a música.

 
 

Em destaque

Do glitter do pop ao underground do rock ★ Press Press é notícia sem rótulos.

 

Pode mandar news, sugestão de pauta, divulgação da sua banda, trampo da gravadora, evento que você está produzindo, selo independente, fanzine alternativo, livro, qualquer arte underground que você acha que vale a pena.

A gente não promete que vai virar matéria, mas promete que vai ler.

Thanks for submitting!

PRESSPRESS ©  Todos os direitos reservados.

bottom of page