Como se constrói uma ópera-rock entre Brasil e EUA? Raimundos mostra no Deluxxxe de “XXX”
- Dante Azevedo

- 22 de out.
- 2 min de leitura

Cinco meses podem parecer pouco tempo, mas para o Raimundos, foram suficientes para revisitar seu próprio disco e adicionar duas músicas inéditas que contam histórias de encontros, distâncias e criatividade que atravessa oceanos.
Em 21 de maio, a banda brasiliense lançou XXX, seu primeiro álbum de inéditas em onze anos. Nesta quarta-feira, 22 de outubro, Digão (voz e guitarra), Caio Cunha (bateria), Jean Moura (baixo e vocal) e Marquim (guitarra e vocal) apresentam a edição Deluxxxe, trazendo o que eles chamam de “pequenos grandes ajustes” que transformam o disco original em algo novo sem perder sua essência.
A estrela do relançamento é “Raicyco”, uma parceria entre Digão, Vitor Mendes Neves e Mike Muir, vocalista do Suicidal Tendencies, banda norte-americana de hardcore punk que influencia o Raimundos desde os primeiros dias. O detalhe que dá charme à história: a música foi composta à distância, sem comunicação direta, mas a sincronia foi tão perfeita que “a letra convergiu mesmo com as partes sendo escritas em países diferentes e sem uma conversa sobre o tema”, relata Digão. Ele define a faixa como “uma ópera-rock em três atos”, que começa com riffs viajantes, passeia pelo estilo clássico do Raimundos e termina em hardcore puro, evidenciando o diálogo musical entre os dois mundos.
A outra faixa inédita, “Eu ando no meu Ka”, nasceu da parceria com Zenilton, colaborador antigo da banda. Misturando guitarras pesadas e batida de forró, a música celebra o brasileiro que segue feliz mesmo com uma vida simples. “O véio Zenilton veio somar naquilo que o Raimundos faz de melhor: música pesada com batida de forró e a temática anti-herói do brasileiro que não perde a felicidade numa vida simples”, explica Digão. Em outras palavras, é a trilha sonora perfeita para quem dirige um carro 1.0 e ainda assim se sente no topo do mundo.
Com XXX Deluxxxe, o Raimundos prova que três décadas de história não diminuíram a capacidade da banda de se reinventar, conectar mundos distintos e traduzir o Brasil em som. Entre riffs, forrocorre e telepatia musical internacional, eles lembram que fazer música é também construir pontes invisíveis que aproximam distâncias, culturas e emoções — e que, no fim, tudo isso só vale se tocar quem está do outro lado.
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