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Black Pantera no The Town: quando o rock ainda tem dentes (e coração)

  • Foto do escritor: Heitor Brandão
    Heitor Brandão
  • 7 de set.
  • 2 min de leitura
Black Pantera / Imagem: Natalia Rampinelli / Agnews

Eles não estavam no palco principal, mas quem disse que os holofotes precisam obedecer hierarquia? O Black Pantera entrou no Palco Quebrada como quem chega para lembrar que música também é trincheira — e que não dá para separar guitarra de palavra de ordem.

 

Charles e Chaene Gama não esperaram nem a segunda música para incendiar o ar com frases que, se dependessem de alguns, seriam censuradas. “Fogo nos trumpistas e fogo nos racistas”, cuspiram com a naturalidade de quem já entendeu que o ódio não se enfrenta com silêncio. O público respondeu como torcida organizada de causas urgentes: gritou, vibrou, devolveu ofensas a Bolsonaro, transformou a independência do 7 de setembro em catarse coletiva.

 

Rodrigo “Pancho” não deu trégua na bateria. Charles comandou o mosh, e até um espaço só para mulheres rasgar a roda foi aberto, gesto pequeno no papel, gigante na simbologia. Entre porradas sonoras como Provérbios, Padrão é o Caralho e Fogo Nos Racistas, também houve respiro em Perpétuo, lembrando que lutar é verbo de todos os dias. Chaene, o mesmo que minutos antes queimava símbolos de poder, dedicou um cover de Ozzy Osbourne à mãe, provando que fúria e ternura podem dividir o mesmo corpo sem pedir licença.

 

E no final, o boné: “O Brasil é dos brasileiros”. Declaração óbvia, que no entanto soa como subversão quando a política insiste em tratar o povo como intruso. Ao proclamar o show como “festa da democracia” e levantar apoio à Palestina, o Black Pantera deu o recado que parecia estar entalado na garganta coletiva: não existe neutralidade quando o palco é o mundo.

 

Primeira vez no The Town, mas com a força de um rito. O trio mineiro saiu ovacionado e deixou uma certeza incômoda para quem ainda duvida: sim, ainda existe rock no Brasil. E, com sorte, ele continuará incomodando.

 
 

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